Os piores e melhores tipos de turismo – Onde você está contribuindo?

O turismo, uma das indústrias mais ativas e de crescimento contínuo ao redor do mundo, carrega o potencial de ser uma força poderosa para o desenvolvimento econômico e o entendimento cultural. No entanto, quando mal orientado, pode tornar-se uma fonte de degradação ambiental, desrespeito cultural, e desequilíbrio social.

Nesse artigo vamos destacar práticas que devem ser evitadas, como o overturismo, o turismo de desastre, formas de turismo que implicam na exploração animal e humana, entre outros.

Adicionalmente, vamos falar de alternativas positivas, como o turismo de base comunitária, o turismo cultural responsável, o turismo voluntário, que não apenas minimizam o impacto ambiental e social, mas também enriquecem tanto viajantes quanto comunidades locais.

Nosso objetivo é inspirar práticas turísticas que celebrem e preservem a integridade cultural e ecológica dos destinos ao redor do mundo, garantindo que a beleza e a diversidade do nosso planeta sejam apreciadas por gerações futuras. Vamos juntos?

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Tipos de turismo que você não deve praticar

Turismo de desastre ou turismo de tragédia

O turismo de desastre (ou de tragédia) ocorre quando pessoas visitam locais que foram recentemente afetados por catástrofes naturais ou grandes acidentes. Essas visitas são muitas vezes motivadas pela curiosidade ou desejo de ver de perto as consequências desses eventos trágicos.

Muitos são movidos pela curiosidade e pelo impulso de testemunhar o impacto de grandes desastres. No entanto, esse tipo de turismo pode ser problemático, especialmente em tempos de crise quando as comunidades estão tentando se recuperar. A presença de turistas em áreas atingidas por desastres pode levar problemas como atrapalhar nos esforços de resgate e reconstrução da cidade. Há também a questão ética de se beneficiar ou entreter à custa do sofrimento alheio. O turismo de desastre pode desviar recursos essenciais, como água e energia, que são vitais para as vítimas e equipes de resgate.

Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou seu mais grave desastre climático, marcado por chuvas volumosas e prolongadas. Este desastre levou à destruição de infraestrutura, ocasionou mortes e deixou milhares de pessoas sem abrigo. Apesar da situação crítica, houve relatos de pessoas visitando a área para ver os efeitos das inundações, o que complica os esforços de ajuda e recuperação. Essa prática não apenas expõe os visitantes a riscos, mas também pode ser vista como uma baita falta de respeito pelos afetados.

Overturismo

O overturismo ocorre quando um destino recebe mais visitantes do que pode suportar, causando várias consequências negativas.

Esse problema é frequentemente agravado por grande atenção na mídia ou eventos que atraem muitos turistas, resultando em danos ao ambiente e infraestrutura local. Por exemplo, Maya Bay na Tailândia sofreu sérios danos ecológicos devido ao excesso de turistas. Locais como o Castelo de Alnwick e Dark Hedges também enfrentaram desafios semelhantes que afetaram as comunidades ao redor.

Além de causar problemas como aumento da criminalidade e custo de vida para os moradores, o overturismo também compromete a cultura e a qualidade de vida nos destinos.

Como resposta, algumas áreas afetadas adotaram medidas como fechamentos temporários, limitação do número de visitantes e cobrança de taxas de preservação para proteger os locais e garantir sua sustentabilidade para o futuro. Se quiser entender mais sobre o overturismo, visite o nosso artigo O que é Overturismo? E quais são os seus impactos.

Pedra do Telegrafo - Um dos locais no Rio de Janeiro que são uma furada
Overturismo na Pedra do Telégrafo, no Rio de Janeiro

Turismo de exploração animal

O turismo de exploração animal refere-se às atividades turísticas que envolvem animais de maneira que possa causar-lhes estresse, sofrimento ou danos. Frequentemente, essas práticas incluem a interação forçada com turistas, confinamento em espaços inadequados e treinamentos cruéis para entreter ou facilitar interações com visitantes.

Alguns exemplos clássicos de turismo de exploração animal incluem passeios em elefantes, espetáculos com golfinhos, lutas de animais, e fazendas de criação de grandes felinos para interação com turistas. Essas atividades muitas vezes envolvem condições de vida precárias para os animais e métodos de treinamento que causam dor e sofrimento.

Para quem deseja interagir com animais de maneira ética durante suas viagens, existem várias opções responsáveis. Santuários de vida selvagem e reservas ecológicas que priorizam o bem-estar animal são alternativas ideais. Nestes locais, os animais vivem em habitats que imitam seu ambiente natural o máximo possível, e as interações com humanos são minimizadas para não perturbar seu comportamento natural. Além disso, muitos desses lugares promovem a educação ambiental, ensinando os visitantes sobre a conservação da biodiversidade e a importância de proteger as espécies nativas.

Turismo Cultural Predatório

O turismo cultural predatório ocorre quando os visitantes exploram a cultura local de maneira irresponsável, muitas vezes sem consideração pela autenticidade e pelo bem-estar das comunidades. Esse tipo de turismo pode ter efeitos prejudiciais, desrespeitando tradições e transformando práticas culturais significativas em simples atrações turísticas superficiais.

Esse fenômeno é especialmente problemático quando os turistas demandam experiências “autênticas” que, na verdade, podem levar à comercialização da cultura. Isso pode resultar na perda da essência cultural e na exploração econômica das comunidades, que se veem pressionadas a adaptar seus costumes para satisfazer as expectativas dos visitantes.

Turismo Predatório (outros tipos)

O turismo predatório pode assumir várias formas além da exploração cultural.. Este termo geralmente se refere a práticas nas quais os visitantes exploram de maneira insustentável os recursos locais, impactando negativamente a economia e o ambiente das comunidades anfitriãs.

Exemplos comuns incluem

  • Extração de Recursos: Turistas que participam de atividades que esgotam recursos naturais locais, como a pesca excessiva ou a coleta de artefatos culturais, sem considerar a sustentabilidade dessas práticas.
  • Impacto Ambiental: A construção de grandes resorts ou instalações turísticas em áreas não desenvolvidas que comprometem ecossistemas locais, muitas vezes sem fornecer benefícios significativos à população local.
  • Exploração Econômica: Investimentos em turismo que deslocam comunidades, convertendo áreas residenciais ou terras de uso comum em espaços turísticos, o que pode levar ao aumento dos preços de imóveis e custo de vida, tornando difícil para os residentes locais permanecerem em suas comunidades.

Tipos de turismo que devemos considerar: O turismo do futuro

Turismo Sustentável

O turismo sustentável é uma abordagem que busca minimizar o impacto ambiental, social e econômico negativo das viagens, ao mesmo tempo que contribui positivamente para a conservação da biodiversidade e o bem-estar das comunidades locais. Esta forma de turismo é fundamental para garantir que as práticas de viagem não apenas respeitem, mas também promovam a sustentabilidade a longo prazo dos destinos turísticos ao redor do mundo.

O turismo sustentável envolve uma série de práticas cuidadosamente planejadas que começam desde a escolha dos destinos até a seleção de acomodações e atividades que respeitem os princípios de sustentabilidade. Isso inclui apoiar negócios que operam de forma ética e responsável, que utilizam recursos de maneira eficiente, e que contribuem economicamente para as comunidades locais. Além disso, implica em escolher participar de atividades que promovam a conservação do meio ambiente e a preservação cultural, evitando ao mesmo tempo o excesso de turistas que pode levar ao desgaste dos recursos naturais e culturais.

Em suma, o turismo sustentável não é apenas uma escolha ética para os viajantes conscientes; é uma necessidade para garantir que as maravilhas naturais e culturais do mundo possam ser desfrutadas pelas futuras gerações.

Turismo de Base Comunitária

O turismo de base comunitária coloca as comunidades locais no controle do desenvolvimento turístico, permitindo que gerenciem os recursos e compartilhem sua cultura de maneira sustentável. Esse tipo de turismo não só proporciona experiências autênticas e enriquecedoras para os visitantes, mas também garante que os benefícios econômicos sejam revertidos para melhorar a vida local. Promove ainda um intercâmbio cultural profundo e ajuda a combater o overturismo ao oferecer alternativas que desviam os fluxos de visitantes de áreas superlotadas.

Veja mais sobre isso no nosso artigo Turismo de Base Comunitária (TBC): Entenda do que se trata.

Ecoturismo

O ecoturismo é uma prática que se concentra em visitar áreas naturais com o objetivo de apreciar e aprender sobre o meio ambiente de forma responsável e sustentável. Esta abordagem procura garantir que a visita tenha o mínimo impacto possível sobre os ecossistemas, ao mesmo tempo em que contribui para a conservação da biodiversidade e oferece benefícios reais para as comunidades locais.

Os praticantes do ecoturismo engajam-se em atividades que respeitam a natureza e apoiam esforços de conservação.

Turismo Cultural Responsável

O turismo cultural responsável é uma modalidade que valoriza a imersão respeitosa e educativa nas culturas locais. Ele enfatiza interações genuínas e autênticas com as comunidades, permitindo aos visitantes aprenderem sobre tradições e histórias locais de uma maneira que não as altera ou explora. Este tipo de turismo busca uma compreensão profunda e um apreço pela diversidade cultural, promovendo uma troca equilibrada entre o visitante e o anfitrião.

Turismo Voluntário

O turismo voluntário envolve viagens que combinam o lazer com a oportunidade de participar em projetos de voluntariado, frequentemente em comunidades carentes ou em projetos de conservação ambiental. Essa prática pode ser altamente enriquecedora, pois permite ao viajante contribuir de maneira significativa para os locais que visitam, apoiando causas nobres e participando ativamente na melhoria de condições locais.

No entanto, o turismo voluntário não está isento de controvérsias. Uma das críticas mais comuns é que, se não for bem gerenciado, pode levar a uma dependência das comunidades locais em relação à ajuda externa, em vez de fortalecer sua autonomia e capacidade de autogestão. Além disso, existe o risco de que os voluntários, apesar de suas boas intenções, possam não ter as habilidades necessárias para as tarefas que lhes são atribuídas, o que pode resultar em trabalho ineficaz ou mesmo prejudicial.

Para garantir que o turismo voluntário seja benéfico, é crucial que os programas sejam eticamente geridos, com projetos que realmente necessitem de ajuda externa e que sejam conduzidos em colaboração com as comunidades locais. Além disso, é importante que os voluntários sejam adequadamente selecionados e preparados para suas tarefas, assegurando que suas contribuições sejam valiosas e respeitem a cultura e as práticas locais.

Turismo Consciente: Impactos e Práticas Sustentáveis

Vimos aqui como o turismo pode ser tanto uma força para o desenvolvimento quanto uma fonte de desafios ambientais e sociais. Enfatizamos a importância de evitar práticas prejudiciais como o overturismo e a exploração, e destacamos abordagens positivas como o turismo de base comunitária e o ecoturismo.

Adotar essas práticas sustentáveis não só minimiza impactos negativos mas também beneficia tanto viajantes quanto comunidades locais. Promover um turismo consciente é crucial para garantir que os destinos possam ser apreciados de forma responsável por gerações futuras.

Avisos importantes:

– Devido a pandemia de covid-19, muitos dos atrativos citados nesse artigo podem ter interrompido suas atividades temporariamente ou permanentemente, ou mesmo, podem necessitar de agendamento prévio, por isso, indicamos que você entre em contato com a propriedade antes da visita para confirmar os horários de funcionamento e regras de visitação.

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Débora Santiago
Turismóloga e fotógrafa por profissão e blogueira por vocação. Sócio-fundadora e autora do blog Diário de Uma Viajante desde 2010.
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