O que é Overturismo? E quais são os seus impactos

Filas intermináveis para tirar uma foto em um ponto turístico, congestionamentos, degradação do patrimônio cultural e natural, aumento do índice de criminalidade e vida local insustentável para moradores locais são apenas alguns dos impactos do overturismo (overtourism).

Nem sempre o turismo faz bem para as cidades, e por mais que haja muitos benefícios, o exceto de visitantes podem trazer efeitos negativos do turismo de massa.

Nesse artigo vamos abordar o conceito de overturismo e seus impactos.

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O que é Overturismo? E quais são os seus impactos

O overturismo é o fenômeno que acontece quando uma região recebe muitos turistas em um curto espaço de tempo, ou seja, o  impacto do excesso de visitantes em destinos populares pelo mundo. O termo deriva do inglês “overtourism”, e embora não uma palavra nova, ganhou destaque em 2018 ao ser selecionado como uma das palavras do ano pelo Oxford English Dictionary.

Mas não é necessariamente o número de turistas numa cidade que define se ela está sofrendo com o overturismo, mas, sim, a forma como ela suporta esse movimento.

Alguns casos de overturismo famosos tomaram conta das mídias, como o caso da praia tailandesa de Phi-Phi-Leh, onde foram gravadas cenas de “A Praia” que passou a receber 5 mil visitantes diariamente na alta temporada desde o lançamento do filme. O overturismo causou danos irreparáveis à biosfera em Maya Bay, com cerca de 77% dos corais ameaçados de desaparecer devido às âncoras de grandes barcos turísticos. Em resposta, o governo tailandês optou por fechar o local em 2018 para proteger a biodiversidade marinha da destruição total. A mesma apenas foi reaberta em 2022, mas sob condições muito especificas de visitação.

Outros locais também passaram a ter uma procura mais massiva após aparecer em filmes de séries de TV, como o Castelo de Alnwick usado como locação para o filme Harry Potter e The Dark Hedges na Irlanda do Norte, representada na série Game of Thrones como a avenida de faia, local que serviu como o Caminho do Rei na série, entra vários outros destinos no mundo que não estavam preparados para esse fluxo de turistas.

Dark-Hedges, na Irlanda do Norte
Dark-Hedges, na Irlanda do Norte

Mas não são apenas as locações de filmes e séries que levam multidões aos mesmos lugares, na verdade as motivações são variadas:

  • Atrações históricas e culturais muito famosas
  • Belezas naturais
  • Eventos especiais como grandes festivais, competições e celebrações culturais
  • Destinos com grande promoção turística, incluindo campanhas de marketing e divulgação por parte de influenciadores digitais
  • Destinos com alta acessibilidade, seja por conta de infraestrutura e/ou facilidade de transporte
  • Lugares que oferecem experiências únicas e autênticas, como culinária e interações com comunidades locais
  • Destinos que se tornam populares devido a tendências e modismos
 Monalisa, no Museu do Louvre em Paris
Disputa para tirar foto da Monalisa, no Museu do Louvre em Paris

Os navios de cruzeiro acabam atuando como um estimulo para o overturismo, já que trazem muitos turistas para uma cidade, mas eles geralmente não deixam dinheiro nessa cidade e nem contribuem com a economia local. Isso acontece porque a bordo do navio eles já têm alimentação e hospedagem. Eles só ficam algumas horas na cidade, exploram seus pontos turísticos, antes de voltar para o navio e partir para um novo destino.

Impactos negativos do Overturismo

Vejamos então quais são os impactos negativos do overturismo para os destinos:

  • Pontos turísticos super lotados e com excesso de filas
  • Congestionamentos e dificuldades de locomoção no transporte público
  • Degradação do patrimônio cultural e natural
  • Aumento do índice de criminalidade
  • Aumentos de preços de alimentação, transporte e produtos locais, o que pode resultar em um custo de vida mais elevado tanto para os residentes quanto para os turistas.
  • Falta de domicílios para os moradores, pois preços dos aluguéis crescem e fazem com que os moradores locais mudem de bairro para abrir caminho para hotéis e casas de férias, como exemplo estão as cidades de o Dublin, Galway e Cork, na Irlanda.
  • Perda de identidade cultural do destino
  • Poluição e produção exagerada de lixo
  • Negócios locais fechando devido à implementação de grandes marcas.

Respostas e Soluções para o Overturismo

Assim como citamos que o governo tailandês optou por fechar a praia de Phi-Phi-Leh em 2018 outras cidades tomaram medidas similares, como a prefeitura de Amsterdam que em 2018 removeu o famoso letreiro “Iamsterdam” da Praça dos Museus, para reduzir o grande número de turistas na área.

Outras cidades também começaram a implementar taxas de visitação e limitar o número de visitantes ou trabalhar com revezamento de horários, como o caso do sítio arqueológico de Machu Picchu, em 2017.

Aqui no Brasil, cidades como Fernando de Noronha (PE), Jericoacoara (CE), Morro de São Paulo (BA), Jalapão (TO) e Bombinhas (SC), cobram uma taxa de preservação ambiental dos turistas que decidem visitá-las.

Mas esse não é um papel só do governo ou de empresas de turismo, deve ser uma preocupação de cada viajante individual para a mitigação do overturismo, e essa inclusive é uma autocrítica para aquela que vos escreve, para que esse tema não seja esquecido no momento de planejar a próxima viagem.

Dicas para Viajantes Conscientes

Como podemos continuar viajando de forma consciente e reduzir o impacto negativo sobre as cidades que já estão enfrentando o overturismo?

Que tal escolher destinos menos populares na sua próxima viagem? Ou ao menos fugir do turismo de massa, de grandes cruzeiros, excursões e hotéis de rede e investir em pousadas de restaurantes de comerciantes locais durante a sua viagem?

E viajar na baixa temporada? Isso pode ajudar destinos que sofrem com a sazonalidade e dependem da alta temporada para sobreviver, além de ser mais agradável para você que estará evitando disputar o local com uma multidão de turistas.

Nem preciso falar das regras de respeito ao meio ambiente e comunidades locais, certo?

Seguindo esses preceitos você pode ter uma visão mais realista da vida cotidiana e até se aprofundar nessa na cultura do local que está visitando, tornando a sua experiência muito mais autêntica.

Ao longo deste artigo, ficou bem claro que o turismo em massa pode trazer consequências negativas significativas. No entanto, reconhecemos que todos nós – governos, empresas de turismo e viajantes individuais – temos um papel a desempenhar na busca por soluções sustentáveis.

Esteja sempre atento aos seus impactos. Juntos, podemos garantir que o turismo beneficie não apenas os visitantes, mas também as comunidades locais e os destinos turísticos, preservando sua autenticidade e beleza para as gerações futuras.

Avisos importantes:

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Débora Santiago
Turismóloga e fotógrafa por profissão e blogueira por vocação. Sócio-fundadora e autora do blog Diário de Uma Viajante desde 2010.
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