Slow Travel – Aproveite um estilo de viagem mais lento

Estamos na era da informação onde o universo digital muda a cada segundo e tudo passa rápido demais. Vivemos numa sociedade tão conectada que o fator viagem acaba sendo relativamente acelerado também, enquanto deveríamos tirar férias para nos desconectar, para aprender sobre nós mesmos e para aprender mais sobre a cultura que nos cerca, fazemos exatamente o contrário.

Não é difícil ouvir falar na Eurotrip de um amigo que visitou 40 cidades e 17 países em 30  dias. Mas a pergunta que não quer calar é: Seu amigo passou pela cidade ou realmente conheceu a cidade?

Slow Travel
Descanso pós trilha

E o que é esse tal de Slow Travel?

Slow Travel é um estilo de viagem mais lento onde o viajante visa muito mais a qualidade da viagem do que a quantidade de locais visitados, buscando algo mais real e genuíno durante as suas viagens do que apenas tirar 1000 fotos para fazer ostentação no Instagram.

Afinal de contas quando não estamos com pressa nos permitimos descobrir coisas novas como conversar com um local, fazer um passeio que não estava nos planos e que você nem imaginava que exista ou simplesmente relaxar em algum café assistindo o movimento da cidade.

Como planejar uma viagem Slow travel?

Quem bem me conhece sabe que quando vou a algum destino eu preciso cumprir a lista de atrações turísticas daquele lugar. E aí você deve estar se questionando “mas isso vai contra tudo o que você disse até agora”. Slow Travel não significa que você não possa ver todas as atrações turísticas daquela cidade e sim planejar aquela viagem com tempo suficiente para que você não precise ver tudo correndo.

Então, se você planejou a viagem para o destino X e percebeu que você precisa de 4 dias para conhecer aquela cidade, adicione um dia extra no seu roteiro, para assim, se for o caso, cumprir toda a sua lista de atrações e ter tempo suficiente para fazer outras coisas interessantes que possam aparecer pra você.

Slow Travel
Tomando vinho e observando as cordilheiras na casa de temporada em Santiago

E se não aparecer nada pra eu fazer no dia extra?

Vou contar uma história para vocês: Na minha primeira viagem a Europa eu tinha 7 dias pra conhecer Roma, Milão e Veneza. Eu andei tanto nos 3 dias que estive em Roma, acordei tão cedo e dormi tão tarde que fiquei exausta para curtir os dois próximos destinos.

E não foi só isso, eu fiquei super doente quando cheguei em Milão, mas eu não tinha tempo para descansar, pois precisava cumprir aquele roteiro que tinha elaborado a tantos meses sem perder nada. A única colher de chá que me dei foi ficar metade de um dia deitada na cama de um hotel, mas o sentimento de frustração era imenso, pois não podia perder tempo.

No trajeto entre Milão e Veneza eu tive vontade de descer em Verona, mas não pude, pois eu não tinha nenhum dia de folga programado no roteiro. E se eu tivesse um dia extra?

Os benefícios do dia extra

Já citei nesse texto alguns benefícios de ter um dia extra na sua viagem, abaixo vou reforçá-los além de incluir mais alguns itens na lista:

– Relaxar num café curtindo o movimento da cidade.

– Passar horas a fio na piscina do hotel ou numa praia sem ter que se preocupar de estar “perdendo tempo”.

– Ter tempo hábil para contornar um imprevisto. Eu já falei nesse post como perdi um dia no Chile, e graças a Deus isso não afetou meu roteiro, pois eu tinha um dia coringa.

– Não se preocupar se algum dia da viagem cair uma tempestade ou se o clima não estiver dos melhores.

– Ter um dia para descansar no hotel ou ir até um hospital se você ficar doente.

– Ver alguma coisa que não deu tempo de ver ou que você só descobriu quando chegou no destino porque pegou a dica com algum nativo.

– Não precisar acordar tão cedo ou dormir tão tarde todos os dias da viagem

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Meu “dia perdido” no Chile

Dicas para se tornar um “Slow Traveler” de vez

Uma boa maneira de se tornar um “slow traveler” é organizando a sua própria viagem. Pesquise sempre sobre o destino que vai visitar e sobre os pontos turísticos que você realmente quer conhecer, tirando da sua lista tudo o que não fizer parte do seu perfil. Se você não gosta de museu não tem porque incluir 5 museus no seu roteiro. Blogs de viagem são uma boa fonte de consulta, assim como fóruns de viagens. Deixo aqui a minha lista de 18 blogs de viagens para acompanhar.

Organizando a sua viagem de maneira independente e dentro do seu perfil ficará mais fácil saber quantos dias de fato vai precisar naquele destino, não esquecendo de adicionar o seu dia extra, sem culpa.

O conceito de “Slow travel” também envolve a ideia de “se sentir em casa” durante a viagem, então deixe a timidez de lado e sempre que possível puxe papo com um local. Uma boa maneira de construir um relacionamento com um nativo é escolhendo um meio de hospedagem mais alternativo como hostel ou couchsurfing.

Se você acha que couchsurfing é demais pra você, uma boa opção pode ser se hospedar numa casa de temporada. Dedique-se a cozinhar, ir numa feira de rua ou num super mercado para ver e entender quais são os hábitos alimentares desse local.

Não ande só de ônibus, ou de metrô. Veja outras opções de transportes disponíveis, seja alugando uma bike ou fazendo a pé uma rota incomum. Essa também é uma boa maneira de descobrir surpresas de uma cidade.

E é claro, experimente o prato típico ou a bebida local e viva o momento, desconecte-se (mesmo que apenas um pouco) do celular, diminua o rimo e permita-se ter dias mais autênticos durante sua viagem.

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Débora Santiago
Turismóloga e fotógrafa por profissão e blogueira por vocação. Sócio-fundadora e autora do blog Diário de Uma Viajante desde 2010.
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19 respostas
  1. Eu aprendi a fazer Slow Travel! Antes queria “ver tudo ao mesmo tempo agora”, dai comecei a ver que o bacana é se deixar levar! Claro que um pré-roteiro é necessário, mas passei a me permitir ver coisas diferentes, principalmente se o tempo é curto. Ótimo post, Debs! Beijos

    1. Ah! Que feliz de ler isso… pra mim era muito difícil praticar slow travel, mas hoje em dia estou muito satisfeita com esse estilo de viagem. 🙂

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